BIOGRAFIA DE ANTONILA
Antonila da França Cardoso – Nasceu em Juazeiro-BA, em 21.11.1936, numa família de educadores.
Bacharel em Educação Religiosa, pelo STBNB, em Recife e licenciada em Filosofia
e Letras, pela Universidade Católica de Pernambuco, atuou como professora de 2º grau e Faculdade,
em Juazeiro e Petrolina-PE. Em 1966, venceu o Concurso Literário da Associação
dos Universitários Juazeirenses, com o texto lírico “A Criação”. Co-autora das
antologias “E nós, para onde vamos?” Volume 2, “RE-VISTA – velha poesia nova” e
“Bom é ter Esperança”. Em meados de 1972/73, assinou a coluna “Cá entre nós”,
no semanário juazeirense “RIVALE”. Em 2004, assumiu a Coordenação do “Projeto
Social Vida com Esperança”, no bairro de Pituaçu, em Salvador. Como voluntária,
assessorou por 3 anos o “Clube de Leituras”, da Biblioteca Comunitária
Esperança, no mesmo bairro.
Livros publicados: “Os
meninos se divertem” – recreação orientada para crianças de 8 a 12 anos. “Nosso
Vale... seu folclore beira-rio” – acervo cultural recolhido nas cidades e
povoados ribeirinhos que seriam submersos pela Barragem de Sobradinho e
adjacências. “Uma Luz na Educação” – edição comemorativa dos 50 anos do Colégio
Dr. Edson Ribeiro, em Juazeiro. “Umas e Outras Crônicas” e
“Criancices” – um livro infantil em versos.
Em 2015 retornou à sua cidade de origem, onde é membro da
Academia Juazeirense de Letras. No
momento, está concluindo novo livro de crônicas.
E-mail: antonilacardoso@gmail.com
UM TEXTO DE ANTONILA CARDOSO
UM MENSAGEIRO
INCONVENIENTE
A notícia foi transmitida no jornal televisivo
do meio dia. Os ladrões surpreenderam o dono da casa, na saída da garagem. A
família inteira foi amarrada e obrigada a deitar-se num sofá, coberta por
lençóis, enquanto eles saqueavam a residência. Um adolescente conseguiu enviar
mensagem pelo celular para sua namorada, que acionou a polícia e esta conseguiu
surpreender os bandidos em plena ação e prendê-los.
Atualmente os aparelhos celulares abrangem uma
área de utilizações tão grande que me pergunto como pudemos viver tanto tempo
sem sua existência. Eles facilitam grande parte de nossas tarefas diárias, fazendo
agendamentos ou cancelamentos de compromissos, sendo elos entre os membros da
família, auxiliares eficientes nas diversas áreas profissionais e facilitadores
da comunicação no mundo inteiro.
Entretanto, com seu posterior barateamento e
conseqüente vulgarização, esses aparelhinhos bandearam-se para o uso popular generalizado,
fizeram-se indispensáveis e até controladores das ações alheias, tornando-se o
grande vilão da privacidade dos indivíduos.
Nos restaurantes, nos consultórios, nas
reuniões e até nas igrejas, as pessoas desligam-se do ambiente, inclinam-se
sobre seus aparelhinhos e vão escrevendo suas mensagens. Quando se trata do
whatsapp, o auto-corretor de texto se antecipa e, a seu bel prazer, vai
substituindo as palavras digitadas por outras que se lhes assemelham na forma,
mas cujo sentido é deturpado e, às vezes, até indecoroso ou comprometedor.
Quando ligados,
seu toque fere o silêncio das bibliotecas, das
igrejas, dos hospitais, interrompe aulas,
palestras, conferências e se faz presente em
todos os tipos de eventos, distraindo participantes e incomodando preletores.
Nos cinemas, vez por outra, sua incômoda musiquinha
faz a platéia reagir com irritados pssssssssssssssssius. Apesar de o pedido
“por favor, queiram desligar seus celulares” já fazer parte da abertura dos espetáculos
artístico-culturais, ainda é possível
sofrer constrangimentos como o de
um maestro mundialmente famoso que interrompeu a
apresentação de sua
orquestra sinfônica e voltou-se para a platéia, literalmente desconcertado pelo desrespeito à arte e
ao ambiente.
Indiferentes à privacidade e ao bem-estar dos
que as cercam, as pessoas vão entregando a esses mensageiros-mirins todos os
seus assuntos pessoais.
Nos transportes coletivos, os passageiros
ficam sabendo o que seus portadores fazem, para onde se dirigem, com quem vão-se
encontrar e em que horários, tudo porque os usuários dos celulares falam em voz
alta e alguns até gesticulam.
Na sala de espera dos consultórios médicos,
mães zelosas lembram às babás que já está na hora do banho ou da papinha do
neném; querem saber se alguém telefonou para o aparelho fixo, se já separou a
camisa que o filho vai vestir para ir ao cursinho e uma série de providências
que poderiam ter sido resolvidas antes de deixarem suas residências.
Os empresários, por sua vez, ligam para o
escritório querendo saber se o expediente está fluindo normalmente, se um certo
contrato foi fechado, se já foram depositados os cheques daquela data, se há
alguma promissória com prazo a vencer etc., etc. E os jovens, em qualquer lugar público, contatam
seus colegas, em plena sala de aula, para detalhar as razões de sua ausência, perguntar
que assunto o professor está explicando, confirmar quem vai jogar a pelada no
fim da tarde e, muito à vontade, vão narrando as últimas piadas do whatsapp.
Assim, por conta do uso abusivo
desses aparelhinhos, chegamos a nossa casa com um acervo de informações
indesejadas, algumas até inconvenientes, impostas pelas conversas públicas com que
nos brindam os usuários – súditos fiéis dos telefones celulares.
ANTONILA CARDOSO É UMA HONRA TÊ-LA NA NOSSA SELETA
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